EDITOR
Aquele que tem por indústria explorar um mercado que proclama o triunfo do óbvio, da simplicidade, do palatável, da figurinha, sem a menor preocupação com a formação do leitor.
Comentário
São os editores o veículo pelo qual a grandeza da idéia cede espaço à deificação do banal, à glorificação dos ídolos de pés de barro. Digitando o teclado, ora o cronista menor — comprometido com a mediocridade das coisas, seduzido pela facilidade e a pequenez de fofocar sobre pessoas famosas —, ora o ghost-writer subornado para registrar as peculiaridades e extravagâncias dos tipos de fácil aceitação popular ou convocado para dar fama imorredoura a receitas de rosquinhas preparadas por padeirinhas bem-sucedidas e a desfrutáveis experimentos de transexuais. Incluam-se no rol compilação de provérbios populares elaboradas por mentes preguiçosas e despiciendas normas de etiqueta celebrizadas por colunáveis frívolas e colunistas pedantes, todos esses órfãos de idéias, reféns da bajulação.
Pelas editoras, os formadores de opinião determinam roteiros e estabelecem glossários para a carneirada fingir que é feliz peregrinando pelos botequins do Rio, pelo pólo gastronômico do Leblon, e dão outras sugestões encontradas nos abecedários, nos magazines de bela roupagem e conteúdo duvidoso.
Prostitutas surfistinhas são copiadas por redatores, desses que, nas páginas dos jornais de bairos, se propõem a elaborar teses e monografias de qualquer assunto (humanas, técnicas, etc.).
Egressos do asqueroso BBB escrevem livros — ignorantes que mal ligam duas palavras; a tropa dos jornais e tevês — os que têm e os que não têm talento — sempre encontra apoio para publicar suas crônicas, em sedutor troca-troca; há o filão das fotos, das figurinhas, auto-ajuda, os que “fazem da pena bisturi para dissecar a vida dos contemporâneos” e, sobretudo, os que a usam como turíbulo para incensar as celebridades; na esteira do sucesso do filme Capote, já desovaram dois títulos; da Copa do Mundo, nem se fala.
Há 5% para João Ubaldo & Cia e traduções importantes, porque eles sabem que há idêntico percentual de quem segue o que dita a própria cabeça.. Cotas! É isso aí! São jogadas nas tais planilhas custo/benefício e presto! Está feita a mágica! Dinheiro! Quem impõe as condições, gosta de e quer dinheiro, a carneirada não sabe o que quer, eis a equação. De repente me dou conta de que estou indo às raias do patético para constatar o óbvio. Um negócio, apenas. Nem sei por que falei tanto até aqui.
(Quem Mais Fala Do(s) Livro(s)), Érico Braga Barbosa Lima, Editora Antigo Leblon
– Depoimento de Rogério S. Barbosa Lima, 2006)
Pano Rápido
O diretor de uma revista literária:
— Tens aí algo pra mim, ó poeta?
— Sim. Um poemeto que foge aos moldes usuais. Há de agradar a alguns
boêmios... pelo menos vão compreende-lo.
— Então não publico. Para agradar, é preciso que ninguém entenda.
O escritor telefonou para a editora à cata de notícias sobre um manuscrito que enviara havia já seis meses sem que houvesse qualquer retorno.
— Era um romance histórico? — quis saber o dono da editora.
— Não — respondeu o autor. Pelo menos não era quando o enviei.
Aquele que tem por indústria explorar um mercado que proclama o triunfo do óbvio, da simplicidade, do palatável, da figurinha, sem a menor preocupação com a formação do leitor.
Comentário
São os editores o veículo pelo qual a grandeza da idéia cede espaço à deificação do banal, à glorificação dos ídolos de pés de barro. Digitando o teclado, ora o cronista menor — comprometido com a mediocridade das coisas, seduzido pela facilidade e a pequenez de fofocar sobre pessoas famosas —, ora o ghost-writer subornado para registrar as peculiaridades e extravagâncias dos tipos de fácil aceitação popular ou convocado para dar fama imorredoura a receitas de rosquinhas preparadas por padeirinhas bem-sucedidas e a desfrutáveis experimentos de transexuais. Incluam-se no rol compilação de provérbios populares elaboradas por mentes preguiçosas e despiciendas normas de etiqueta celebrizadas por colunáveis frívolas e colunistas pedantes, todos esses órfãos de idéias, reféns da bajulação.
Pelas editoras, os formadores de opinião determinam roteiros e estabelecem glossários para a carneirada fingir que é feliz peregrinando pelos botequins do Rio, pelo pólo gastronômico do Leblon, e dão outras sugestões encontradas nos abecedários, nos magazines de bela roupagem e conteúdo duvidoso.
Prostitutas surfistinhas são copiadas por redatores, desses que, nas páginas dos jornais de bairos, se propõem a elaborar teses e monografias de qualquer assunto (humanas, técnicas, etc.).
Egressos do asqueroso BBB escrevem livros — ignorantes que mal ligam duas palavras; a tropa dos jornais e tevês — os que têm e os que não têm talento — sempre encontra apoio para publicar suas crônicas, em sedutor troca-troca; há o filão das fotos, das figurinhas, auto-ajuda, os que “fazem da pena bisturi para dissecar a vida dos contemporâneos” e, sobretudo, os que a usam como turíbulo para incensar as celebridades; na esteira do sucesso do filme Capote, já desovaram dois títulos; da Copa do Mundo, nem se fala.
Há 5% para João Ubaldo & Cia e traduções importantes, porque eles sabem que há idêntico percentual de quem segue o que dita a própria cabeça.. Cotas! É isso aí! São jogadas nas tais planilhas custo/benefício e presto! Está feita a mágica! Dinheiro! Quem impõe as condições, gosta de e quer dinheiro, a carneirada não sabe o que quer, eis a equação. De repente me dou conta de que estou indo às raias do patético para constatar o óbvio. Um negócio, apenas. Nem sei por que falei tanto até aqui.
(Quem Mais Fala Do(s) Livro(s)), Érico Braga Barbosa Lima, Editora Antigo Leblon
– Depoimento de Rogério S. Barbosa Lima, 2006)
Pano Rápido
O diretor de uma revista literária:
— Tens aí algo pra mim, ó poeta?
— Sim. Um poemeto que foge aos moldes usuais. Há de agradar a alguns
boêmios... pelo menos vão compreende-lo.
— Então não publico. Para agradar, é preciso que ninguém entenda.
O escritor telefonou para a editora à cata de notícias sobre um manuscrito que enviara havia já seis meses sem que houvesse qualquer retorno.
— Era um romance histórico? — quis saber o dono da editora.
— Não — respondeu o autor. Pelo menos não era quando o enviei.
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