O que nunca foi dito com franqueza sobre as profissões


Profissão é o estado, condição social, papel de um indivíduo que exerce um emprego, ofício ou arte como meio de vida ou ocupação habitual, na qualidade de subordinado ou por conta própria e visando algum tipo de reciprocidade.

Da mesma forma, chama-se profissional uma pessoa que já tem inveterados certos hábitos ou vícios, a saber: “Bêbado profissional”, “Chato profissional”, Ladrão profissional”, “Puxa-saco profissional” e por aí vai.

“Profissão de fé” é uma declaração pública que alguém faz de suas opiniões políticas ou sociais.

É esse sentido lato — que privilegia a rotina, o hábito, a prática usual e metódica de um mister — que adotamos aqui para designar as profissões e as atribuições que a certas criaturas toca cumprir por escolha própria ou pelas inconstâncias da fortuna.

Não estranhe, pois, o leitor encontrar arrolados entre os tradicionais ofícios fabris e as artes criadoras alguns modos de vida cuja inclusão possa parecer inapropriada. É que — pela carga semântica, pelo poder evocativo que têm — seu agente os acolhe de forma tão pacífica e os protagoniza com tão inexcedível zelo, que não podem ser considerados como simples passatempo.

sábado, 15 de agosto de 2009


ONANISTA

Especialista em artes fabris como complemento à educação sexual; aquele que faz punheta; masturbador; punheteiro; que excita os órgãos genitais e produz orgasmo por meio da mão; aquele que presta tributo a Onã. Quando é profissional, pode ser ‘aquele’ ou ‘aquela’.


Comentário:

        Também chamada “bronha” (“Vou socar uma bronha”, p. ex.), a punheta é uma santa e nobre instituição que afirma a independência e estimula e aprimora a imaginação do praticante, ou seja: todo o mundo. Essa arte fabril — quando bem executada — consiste em dar asas à imaginação para retardar ao máximo a apoteose. O bom punheteiro (excluído o retardado que lança mão de revistinha de mulher pelada) será, por conta disso, um bom parceiro de sexo.
O indivíduo que paga para que lhe masturbem não tem amor-próprio. É um herege, um traidor ordinário que cumpre confinar nos calabouços mais esconsos do inferno.
        É preciso ter em mente que não há sacrifício do intelecto que satisfaça as exigências de uma punheta bem sucedida. Há que se estar sempre criando, viajando como os poetas — não os concretistas, por certo, que estes banalizam qualquer bronha. Há felizardos que perpetram prodígios de criatividade, engendram ficções de fazer inveja àquelas famosas do periscópio na banheira com balinhas de menta e a outra, da mão dormente. Chegou ao nosso conhecimento, e vale como lição especial, a bolação de um artista que consiste no seguinte: há uma empregada nova na casa, garota jeitosinha, com ares de songamonga. O maganão coloca uma revista de Carlos Zéfiro sobre o aparador da sala e mede cuidadosamente o quanto dista das extremidades do móvel. Quando a moça termina de varrer o aposento, ele vai lá, mede de novo e constata que ela folheou o precioso documento. Tentar adivinhar o que se passou na cabeça dela durante a leitura é um exercício primoroso de concupiscência a envolver e animar aquele momento mágico e eterno que se segue.
        Missionários, alunos de colégio interno e outros reclusos são especialistas que merecem especial atenção. As múmias (os múmios, no caso) também têm sua história pra contar...

Pano rápido

A mulher abre a porta do banheiro e surpreende o marido se masturbando:
— Que que o senhor ta fazendo aí?
— Lúcia!?... Cê num morre tão cedo...


Você sabia
que antigamente na Inglaterra as pessoas que não fossem da família Real tinham que pedir autorização ao rei para manterem relações sexuais? Quando as pessoas queriam ter filhos, também tinham que pedir consentimento ao rei que, então, ao permitir o coito, mandava entregar-lhes uma placa que deveria ser pendurada na porta de casa com os dizeres: Fornication Under Consent of the King, cuja sigla era F.U.C.K. — daí a origem da palavra chula FUCK.
        Já em Portugal, devido à baixa taxa de natalidade, as pessoas eram obrigadas a ter relações. Esta lei chamou-se "Fornicação Obrigatória por Despacho Administrativo", dando origem à sigla F.O.D.A. Daí a origem da palavra FODA. Já quem fosse solteiro ou viúvo, tinha que ter na porta a frase "Processo Unilateral de Normalização Hormonal por Estimulacão Temporária Auto-Induzida" cuja sigla era P.U.N.H.E.T.A.
Vivendo e aprendendo...


SEMINARISTA

Mancebo destinado à pregação católica e ao celibato eclesiástico, cuja formação compreende duas etapas: a masturbação e a meia.

DONO DE UNIVERSIDADE PARTICULAR

Predador intrujão atuante em negócios diversificados, habituado ao uso de expedientes transversos, que embarca na educação pela porta dos fundos, empolgado com o lucro rápido e falso, sem respeitar qualquer compromisso com a qualidade dos produtos que vende nem com o aproveitamento que possa haurir a clientela que ardilosamente seduz, supostos beneficiários e eternos reféns da inapetência cultural da malta.

Comentário

        A universidade tornou-se uma casa de comércio por grosso, do ramo de diplomas. O cliente é o aluno. O professor (mal necessário) é o estraga-prazeres que tenta dificultar as transações. Por conta disso, o dirigente (especializado em se fazer senhor do alheio) está sempre arquitetando uma treta para atrasar o pagamento dos salários... Quando paga.

Nota

Alguns donos de faculdade estão aumentando suas rendas vendendo cerveja nos quiosques próximos aos campi. Parece que a cerveja não atrapalha o rendimento escolar.



PALESTRANTE

Palrador, cavaqueador especializado na conversação hipnógena sobre assuntos de pouca ou nenhuma importância, com o propósito de induzir o ouvinte a lânguido delíquio, provocando nele a diminuição gradual da atividade orgânica, até prostrá-lo em letargo.

Pano rápido

        O sujeito chega ao local da palestra com quinze minutos de atraso e é advertido pelo porteiro:
        — Por favor, não faça barulho.
        — O quê?! Já tem gente dormindo?

Aos discursos bem se aplica
A lastimosa verdade:
O comprimento medica
A falta em profundidade.
(Eno Theodoro Wanke)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

PSICANALISTA

Vanguardeiro da nova ordem comportamental, para o quê criou uma algaravia pós-moderna destinada a eliminar os atributos essenciais da razão (a começar pela clareza) e instaurar uma abordagem dos fatos enigmática e... bem remunerada.


Comentário
        Sem minhas angústias, culpas, desditas e aflições, deixo de ser quem sou, de decidir por onde vou, e não gosto de ser movido pra lá e pra cá à moda do xadrez. Não sou Sartre, a quem jamais custou enfrentar o que quer que fosse, pois não punha emoções em suas construções e, por causa disso, transferiu o problema para “o outro”. Quero deixar intocadas minhas inquietações, conservar meu lado misterioso, pois, sem ele, perco minha identidade e minhas referências. Imponho-me preservar o quarto vazio de Saint-Exupéry, que “talvez não servisse para nada, a não ser para fazer ressaltar o sentido do segredo” e para dar a entender que não é possível desvendar todas as coisas. Não vou me livrar de meus estigmas; eu próprio sou meu perigo e curto a dor e a delícia de todos os padecimentos que me toca levar ao Calvário.
        A psicanálise apregoa que o sujeito já vem marcado pelos desvios e pelas fixações de seus “circuitos pulsionais”; mas, ao mesmo tempo, sugere a possibilidade de rompimento com esses circuitos “aprisionados” e pretende o relança­mento do indivíduo, sabendo que os desdobramentos dessa ruptura são imprevisíveis e podem ser incontroláveis. É por isso que maldigo o novo homem e abençôo a “prisão”. Como posso eu construir minha cidadela, decorar meu templo se o recomeçar a cada instante? Devo esculpir meu próprio rosto, seja ou não destro em manejar o cinzel, ainda que corte uma orelha, como Van Gogh. Não se trata de escapar à realidade nem simplesmente de sofrê-la em silêncio, mas torná-la tangível, lidar a meu modo com o mundo hostil, através da arte, da literatura, da controvérsia, da luta feroz. Jamais comprar feito.
        A cosmética que vem entalhada no modelo analítico impede o envolvimento com a realidade, esconde a face hostil do mundo, desumaniza, vicia o processo de adaptação desenvolvido durante milhões de anos pelo homem.
        Não hesito em afirmar que o sujeito que se agarra a santos e a psicanalistas é um deslavado pulha. A expiação da culpa pelo álcool, por exemplo, é uma escolha mais decorosa, um processo mais sensato e rápido também, já que, além de divertir-se, o usuário ou paciente desce à cova em menos tempo do que o exigido para o analisando livrar-se de seu tirânico mentor. Isso, quando consegue: pela morte, pela inadim­plência, o que for. No que toca à religião — para não me alongar demais, que o assunto aqui é outro —, aceno com a disparidade entre os tira-gostos consumidos nas respectivas liturgias. Se bem que, para enfrentar a concorrência, os globalizados católicos vêm de lançar padres cantantes, “dominique-nique-niques”, e parece que vêm por aí hóstias à calabresa e outras promoções do gênero.
        Diria, mais, que a psicanálise reflete, ao lado da religião, dos cultos esotéricos, dos chás medicamentosos e das drogas imbecilizantes, a imagem de uma fábrica de felicidades a distribuir bem-estar de laboratório, destinado a fazer prosperar uma cultura prozac de deixa-pra-lá. Sem rebeldia, é impossível criar; sem um mínimo de inconformismo, a arte, a literatura, as manifestações culturais restringir-se-iam a uma bem comportada crônica de amenidades.
        O primor de nonsense bolado por Alan Sokal para desorientar os filósofos vanguardeiros está a calhar para o ramo da cura da alma, em que a clareza é tratada com constrangedor desprezo. O psicanalista seria tão mais brilhante e profundo, quanto mais ininteligíveis seus pareceres. Sem falar nos enigmáticos, é claro, e nos mudos. Dizem, até, que os há bonachões e dorminhocos.
        Fico a imaginar o quanto os recursos e ouropéis dessa mistificação não seduziriam um formando inapetente para encarar a concorrência nas ramificações clínicas que exigem massa de conhecimentos específicos e que dependem de equipamentos sofisticados e caros. E me pergunto se não é atraente a vantagem de eliminar o risco do erro, que fica convenientemente camuflado nas charadas e nos silêncios tumulares. E as tentadoras prebendas?
        De outro modo, quem pode garantir que o processo não esteja eivado, de parte a parte, de cerimônias e formalidades de tal gravidade que tornem o ritual desconfortável, antinatural e ineficaz? Sabe-se que o profissional dessa área não tem por costume recusar clientes, ainda que praticamente todos o consultem por modismo, preguiça, frescura ou pulhice. Também é fato assente que são procurados por pessoas de pouca inteligência, dependentes de clichês, incapazes de municiá-los adequadamente e, muito menos, de aproveitar-lhes — quando dão — qualquer orientação. Mesmo nas hipóteses em que o cliente é razoavelmente articulado e o profissional tem cultura e Q.I. satisfatórios, é necessário algum tempo para identificar e catalogar a causa e a motivação da questão proposta, definir a dinâmica do procedimento e avaliar as possibilidades de êxito. De maneira que a coisa, via de regra, vai caminhando no rumo e ao ritmo daquele bolerão interpretado por Pedro Vargas: "... e assim se passaram dez anos ...".
        O que chamam de reformulação ou fortalecimento do ego tende para o culto excessivo da personalidade, para a busca narcísica (“Você precisa gostar mais de si mesmo”). Daí, para um comportamento mal-educado, agressivo, arbitrário, falta pouco se já não vigora. A absoluta liberdade não é deste mundo. O homem é um animal destruidor. Absolutamente livre, acabaria com tudo.
        Há quem sustente que o afeto é excluído da escuta analítica; que esta se limitaria à leitura do pensamento e da linguagem, o que pode levar à substituição das referências pessoais pelas panacéias disponíveis nos escaninhos pré-classificados, tudo para que o psicanalista possa manter o controle da situação, o fio do discurso. Aqui, o problema se aproxima da análise combinatória.
        Já a terapia de grupo, se guarnecermos o adjunto adnominal de aspas (“de grupo”), a expressão ganha a acepção cínica de “fajuto”, “conversa fiada”, etc ... Presta-se a confusões, por certo.
        Embuste ou mandamento místico que negligencia a realidade?
        Como os integrantes do sistema tornam-se, aos poucos, vultos nebulosos dispersos na torrente do fabulário, desdenho o pudor de projetar sobre o cenário o espectro de minha desconfiada imaginação, e arrogo-me o direito de presumir malícias e ambiguidades. Pois bem: se digo ao psicanalista que sonhei estar possuindo minha própria mãe, dentro de um armário de roupas, ele me conforta com as saudades do útero, com o visceral aconchego. Mas se acrescento que, por três vezes, confessa­da­mente, minha mãe tentou abortar-me, ele me convida a pensar, porque não parece fazer sentido a rejeição. Se me queixo de que meu nome é Roberto porque minha mãe idolatrava Robert Taylor e, por isso, acho que meu pai errou em não lhe ter pespegado uns sopapos, só pra deixar de ser corno, vem ele convencer-me de que é fixação no pai, que devo assumir de vez a homos­sexualidade latente e coisa e tal; que preciso comparecer três vezes por semana, em vez de duas; que o patrocinador do convênio está lhe pagando com dois meses de atraso, se eu não poderia...
        Ora bolas! A gente leva mais de sessenta anos para construir uma neurose sólida, confiável, irretocável vem um cara qualquer e insinua que é preciso reconsiderar, começar tudo de novo, alterar o rumo ... e em apenas nove anos ... E não querem que eu fique tenso?!


PSIQUIATRA
Médico especializado no tratamento de doenças mentais, que se distingue do paciente por possuir a chave do consultório.

Pano rápido
O psiquiatra incentiva o paciente:

— Pode me contar desde o princípio.
— Pois bem, doutor! No princípio eu criei o Céu e a Terra...




SEXÓLOGA

Especialista nas questões pertinentes à atividade sexual, que se baseia nos princípios de que a ausência da hipocrisia é suficiente para conferir dignidade a um ato humano e que não existe fidelidade calcada na nobreza de sentimentos.

Comentário

        Sexólogas proliferam num mercado caótico repleto de charlatões que tratam o paciente pela medicina não tradicional.
        À vista da definição destacada em itálico, essas senhoras não conhecem bem o significado do vocábulo “hipocrisia” ou seu ânimo transgressor tem vínculos exclusivos com Woodstock.

Pano rápido

Algumas dicas de uma sexóloga radical e estressada:

— Tenho vinte anos e não transei ainda por que gostaria de iniciar com um namorado fixo.
— Vai ser difícil. Todos se movem na hora H.

— Posso tomar anticoncepcional, com diarréia?
— Eu tomo com água, mas a opção é sua. Pelo menos use copos descartáveis.

— Tenho um amigo que me deseja, mas ele tem um pênis que mede vinte centímetros. Acho
que vai doer muito — o que faço?
— Manda pra cá, que eu testo pra você.

— Tenho dezoito anos e não transei ainda. Tenho medo de não aguentar a dor.
— Dói tanto, que você vai ficar em coma e nunca mais vai levantar. Deixa de ser fresca e dá de uma vez, ô Cinderela!

Rodapé

“Sexo não tem nada a ver com amor, tanto é que o governo me fode há anos e eu não estou apaixonado por ele” (Vagina Súplice)


MÉDICO

Pano rápido

— Onde você estava? — Pergunta a mãe aflita à meninha.
— No quarto, brincando de médico com o Joãozinho.
— De médico?! — A mãe dá um salto na cadeira.
— Médico do SUS, mãe... ele nem olhou pra minha cara.


HIPOCONDRÍACO

Criatura melancólica que, sabedora das traições cometidas pela esposa, em vez de buscar a devida reparação, corre ao médico, manifestando preocupação com a possível ausência de cálcio no organismo, já que os proverbiais chifres — ao cabo de uma semana — insistem em não se fazer visíveis.



HOMEOPATA

Profissional da medicina que trata as doenças pela aplicação de doses infinitésimas de drogas com nomes estúrdios capazes de produzirem efeitos semelhantes aos sintomas das doenças que se pretendem combater.

Comentário
        No século IV a.C., Hipócrates já afirmava que as doenças desapareciam quando tratadas com a mesma substância que as causava. O alquimista Paracelso, no século XV, usou esse processo para tentar curar seus pacientes. Christian Friedrich Hahnemann, por volta de 1800, sistematizou o princípio da similitude e batizou a prática de “Homeopatia”. Há muitos séculos, portanto, os doentes buscam nessa prática alívio para suas queixas. Nenhum se curou até agora, mas a indústria de caixetas e estojinhos estilizados prospera a olhos vistos.


DENTISTA

Profissional da área médica que se dedica ao tratamento das enfermidades dos dentes.

Nota
        Pobre dentista! Além de trabalhar toda a jornada em pé, serve de bode expiatório para as moçoilas aflitas que vão passar as tardes com os amantes. Ou seja: cria fama e não deita na cama... Se bem que, de certo modo, merecem, né?. Ficam perguntando um monte de baboseiras e a gente se esgoelando pra responder, com a boca cheia de ferros, algodão, sugador....

Rodapé
Se dentista é especializado em dente, paulista é especializado em quê?


quarta-feira, 10 de junho de 2009

CRÍTICO LITERÁRIO

Profissional de fina observação e juízo atilado que examina as questões literárias com critério, notando a perfeição e/ou os defeitos de uma obra literária.

Comentário

        Comentando qualquer livro, um crítico literário sugere de uma maneira ou de outra que ele mesmo deveria ter escrito o livro se tivesse tempo, mas que, não sendo possível, ficou satisfeito de ver outros escreverem-no... embora, naturalmente, o trabalho pudesse ter saído melhor...

Exemplos

Camilo Latuzis

        “A temática de Valionas Goitasin em Realité Humaine externa uma visão oblíqua do cosmos, uma composição poliédrica, translacional, plurifacetada, que, não obstante guardar conformidade com o viés original, mostra uma perspectiva calidoscópica, em que se manifesta inquietante presença lúdica estruturada na métrica das orações, a partir da qual se verifica que a verdade é a proposição mais abrangente, porém válida apenas como ponto de chegada, após uma laboriosa construção por parte do sujeito do conhecimento. Depois de demarcar a originalidade do organismo e da percepção, desencava um solo mais fundo, que os precede, uma dimensão anterior à oposição entre sujeito e objeto, entre percepção e linguagem.”

(Camilo Latuzis é professor de Literatura Comparada da UNIMER)



Rosilda Faskenus

        “A ontologia goitasiniana de Realité Humaine é negativa no sentido exato em que trata da Teologia Negativa. Proclama o Ser através do ente, que mais se ilumina se contraposta à inflexão de Heidegger, assinalando uma mudança de ênfase na articulação entre a questão que pergunta pelo sentido do Ser e aquela que interroga a estrutura daquela que formula a primeira pergunta: o Dasein (Ser aí). Só a exibição do modo de ser desse Ser poderia encaminhar a questão ontológica. O lugar do conceito que fora interpretado como realidade humana é, agora, a mansão do Logos, que tem como guardiães os poetas e os filósofos da linguagem.”

(Rosilda Faskenus é jornalista, filósofa, poeta e compositora)



Ariosto Lorena Pugeu

        “Valionas Goitasin debruça-se sobre a mímesis. Busca desvendar os enigmas da transformação do real através dos códigos simbólicos, e o faz com enorme talento. Merecia uma Festschrift, homenagem literária que os discípulos alemães prestam aos grandes mestres. O autor cultiva a predileção pela descontinuidade, paixão pelo fragmento, pela interrupção. O enredo não é linear; há o abalo da unidade semântica e um forte nível de experimentação da linguagem. É possível reconhecer, ainda, influxos de hermenêutica, sociologia e história, sugerindo uma apropriação do instrumental da estética da recepção, procurando mapear atitudes, recriar o passado, identificando uma compreensão histórica, pré-condição para o estabelecimento da semântica historicizante. É preciso deixar bem claro que não li o livro, para que minha crítica pudesse ser isenta e imparcial.”

(Ariosto Lorena Pugeu é especialista em Teoria da Literatura)



Confusote, não?


Nota

        Chama-se “Criticastro “a um crítico reles com fumos de gramático e desejos de agradar a esquerda, dedicado a enaltecer os “nobres feitos” do barbudo Fidel Castro... Aliás, é o que mais se vê por aí... na maior cara-de-pau, gente que se tem por esclarecida, mas que não tem colhões para contrariar os “progressistas”.


EDITOR

Aquele que tem por indústria explorar um mercado que proclama o triunfo do óbvio, da simplicidade, do palatável, da figurinha, sem a menor preocupação com a formação do leitor.

Comentário

        São os editores o veículo pelo qual a grandeza da idéia cede espaço à deificação do banal, à glorificação dos ídolos de pés de barro. Digitando o teclado, ora o cronista menor — comprometido com a mediocridade das coisas, seduzido pela facilidade e a pequenez de fofocar sobre pessoas famosas —, ora o ghost-writer subornado para registrar as peculiaridades e extravagâncias dos tipos de fácil aceitação popular ou convocado para dar fama imorredoura a receitas de rosquinhas preparadas por padeirinhas bem-sucedidas e a desfrutáveis experimentos de transexuais. Incluam-se no rol compilação de provérbios populares elaboradas por mentes preguiçosas e despiciendas normas de etiqueta celebrizadas por colunáveis frívolas e colunistas pedantes, todos esses órfãos de idéias, reféns da bajulação.
        Pelas editoras, os formadores de opinião determinam roteiros e estabelecem glossários para a carneirada fingir que é feliz peregrinando pelos botequins do Rio, pelo pólo gastronômico do Leblon, e dão outras sugestões encontradas nos abecedários, nos magazines de bela roupagem e conteúdo duvidoso.
        Prostitutas surfistinhas são copiadas por redatores, desses que, nas páginas dos jornais de bairos, se propõem a elaborar teses e monografias de qualquer assunto (humanas, técnicas, etc.).
        Egressos do asqueroso BBB escrevem livros — ignorantes que mal ligam duas palavras; a tropa dos jornais e tevês — os que têm e os que não têm talento — sempre encontra apoio para publicar suas crônicas, em sedutor troca-troca; há o filão das fotos, das figurinhas, auto-ajuda, os que “fazem da pena bisturi para dissecar a vida dos contemporâneos” e, sobretudo, os que a usam como turíbulo para incensar as celebridades; na esteira do sucesso do filme Capote, já desovaram dois títulos; da Copa do Mundo, nem se fala.
        Há 5% para João Ubaldo & Cia e traduções importantes, porque eles sabem que há idêntico percentual de quem segue o que dita a própria cabeça.. Cotas! É isso aí! São jogadas nas tais planilhas custo/benefício e presto! Está feita a mágica! Dinheiro! Quem impõe as condições, gosta de e quer dinheiro, a carneirada não sabe o que quer, eis a equação. De repente me dou conta de que estou indo às raias do patético para constatar o óbvio. Um negócio, apenas. Nem sei por que falei tanto até aqui.
(Quem Mais Fala Do(s) Livro(s)), Érico Braga Barbosa Lima, Editora Antigo Leblon
– Depoimento de Rogério S. Barbosa Lima, 2006)

Pano Rápido

        O diretor de uma revista literária:
        — Tens aí algo pra mim, ó poeta?
        — Sim. Um poemeto que foge aos moldes usuais. Há de agradar a alguns
boêmios... pelo menos vão compreende-lo.
        — Então não publico. Para agradar, é preciso que ninguém entenda.

        O escritor telefonou para a editora à cata de notícias sobre um manuscrito que enviara havia já seis meses sem que houvesse qualquer retorno.
        — Era um romance histórico? — quis saber o dono da editora.
        — Não — respondeu o autor. Pelo menos não era quando o enviei.


LEITOR

É simplesmente o ledor, o indivíduo que adquiriu o hábito de ler.

Comentário

        O leitor brasileiro nunca se constituiu. Foi constituído. Tudo lhe foi outorgado, como se ele fosse um imenso autômato. A instrução no Brasil é quase nula, porque nulo é o gosto de instruir-se. Ademais, não há estímulo fora da eventual influência caseira (É o que nos ensina Tobias Barreto em seu “Um discurso em mangas de camisa” ou em outro texto dele cujo título agora me escapa)
        Para simplificar, vamos dizer que há dois tipos de leitores: o leitor movido pela curiosidade intelectual inata, forjado no seio da família, um herdeiro, um leitor de berço, e o leitor-consumidor, alvo da artilharia editorial-publicitária. E o que prepondera é a imagem publicitária. O próprio valor da palavra parece em estado terminal. O que confere méritos à sociedade é, antes, seu desenvolvimento, sua renda per capita elevada do que a solidez dos mecanismos de proteção à educação.
        Os leitores de berço podem até enveredar pelas agruras floridas dos best sellers, mas não são todos. De qualquer modo, seu universo é reduzido, irrelevante para os projetos financeiros dos editores.
        Quem vai formar o leitor?
        Tirando as redentoras e raríssimas exceções, não existe o “leitor”, mas o “consumidor”, e a quase totalidade dos consumidores é mera depositária de concretitudes e soluções finais que os editores são “obrigados” a veicular.

(Quem mais fala do(s) livro(s)?!... – EBBL – Depoimento de Rogério B. Lima, 2006)


LIVREIRO

Comerciante de livros, CDs, charutos, comestíveis, miçangas, chaveiros e outros artigos, que bajula os escritores famosos e trata o autor pouco conhecido como se fosse um inoportuno e insistente vendedor de bobinas.

Comentário

        Em tempos idos, os livreiros faziam as vezes de conselheiros de muito autor ilustre e admitiam funcionários qualificados para orientar os leitores. Atualmente, com raras e honrosas exceções, tornaram-se negociantes que contratam mão-de-obra barata, empregados despreparados, orientados para empurrar goela abaixo dos fregueses as baboseiras dos best sellers e as dejeções dos novidadeiros de plantão.

Pano rápido

        Leandro, cotista de uma dessas universidades feitas nas coxas, trabalha, na parte da tarde, num sebo elegante de Shopping Center. Um belo dia surge um cliente que se encanta com uma bíblia impressa pelo próprio Gutemberg, o bem mais valioso do acervo. O burro, além de atribuir à peça um valor irrisório, dá quarenta por cento de desconto porque, como faz questão de acentuar, folheando o livro com ares de expert, “Um tal de Martinho Luthero rasurou todas as folhas”.
(Quem mais fala do(s) livro(s)?!... – EBBL – Depoimento de Rogério B. Lima, 2006)


sexta-feira, 8 de maio de 2009

COMENTARISTA DE FUTEBOL

Intrujão que, despudoradamente, aceita remuneração para doutrinar sobre assunto que desconhece.

Comentário
        Nossa crônica futebolística é um monumental embuste. Seus arautos e escribas, quando muito, viram a bola de perto ao brincar com o cachorrinho de estimação ou ao comprar uma, no Natal, para o sobrinho, e, assim mesmo, tiveram-na apenas nas mãos e por pouco tempo. Como querem entender seus desígnios? Há falastrões e cafetões profissionais (arrogantes como eles só!) que ingressam no métier para conseguir rendosos negócios e outros, por fanatismo mesmo, pela nefanda atração pelos edmundos da vida. Não sabem da missa a metade. Não têm condições de perceber certas sutilezas; não têm a sabedoria inata do predestinado, nem o cacoete do ofício (dentro do campo, “o buraco é mais embaixo”. Nenhum deles, sem uma única e redentora exceção, tem conhecimento de causa sobre segredos e macetes que só quem jogou bola conhece bem, o que não os impede de discorrer longamente sobre desenhos táticos e outras baboseiras; e o fazem com pompa e gravidade. Cultuam idéias fixas com tal perseverança, que o leitor desavisado pode pensar que está lendo a matéria do ano anterior. Em que fonte milagrosa foram beber tamanha sabedoria e certeza, de cuja localização nem Shakespeare, nem Da Vinci jamais suspeitaram (e no caso do futebol, nem Pelé, nem Maradona)? Não se permitem as mínimas dúvidas que sustentaram as doutrinas de Sto. Agostinho e Descartes. Nos canais à cabo, uns balofinhos surgem à boca de cena atribuindo a um negro atarracado uma jogada executada por um ariano longilíneo com topete à Elvis Presley (quem já jogou, com dez minutos de partida é capaz de identificar cada atleta só pelo jeito de correr, de ajeitar a meia ou de tocar na bola).
        Outro dia, um desses balofinhos comentava — a propósito do “desenho tático”, da “leitura” de uma determinada partida — que um professor de Educação Física a quem ele muito admirava teria passado uma prova pedindo soluções para superar um esquema adversário de “espaço reduzido”. E, inspirado na lição desse mestre, ao corrigir a prova (em que se saiu bem – fez questão de frisar), passou a analisar o jogo em andamento... É a ferramenta desses caras. Ignoram que jogador não é um ser de outra galáxia, nem um termo de equação rabiscada em quadro-negro. Além de ser mais despreparado intelectualmente do que a maioria dos outros profissionais, também é corneado, tem caganeira, atrasa o pagamento das contas, leva bronca do sogro, etc. e leva a aporrinhação e as frustrações para o campo, o que interfere no seu desempenho. O que não leva, hoje em dia, é a técnica. São um bando de merdas... Mas como esses “analistas” nunca jogaram bola, acham que Giovani, Alex, Neto, Rivaldo, etc.. são craques. Nunca viram Zizinho, Puskas Di Stefano, Pelé, etc... Pegaram, quando muito, um Maradona em fim de carreira. De jogadores de elite, só viram Zidane, Ronaldinho Gaúcho e Messi, mas nem sabem distingui-los dos demais, e não se conformam com a existência de tão poucos no seu tempo. Então, como precisam mostrar serviço e ganhar dinheiro, volta-e-meia fabricam um Robinho... o falatório acadêmico deles serve tanto para o jogo em andamento quanto para o da semana passada em Liverpool ou o que será jogado ano que vem em Moscou, até mesmo para o totó da venda de seu Jurandir, ou aquela merda que se joga atualmente na praia.
        Outra hora é um presumido que, a propósito de duas botinadas, “faz odes à Lamartine”, mais parecendo, no entanto, poeta de almanaque de palavras cruzadas, o que não impede de ser consagrado pelos basbaques como “mestre”.
        Longe de mim fazer objeções à sinceridade de todos ou restringir-lhes o sagrado princípio do livre-arbítrio, acolhido em nossa Lei Maior, mas — para usar a linguagem do futebol — não sabem porra nenhuma de bola. A tática é a última coisa a considerar. Antes dela vem a técnica, a vontade de ganhar, o preparo físico e a inteligência.
        Façam seus comentários, sim. Todos têm direito. Mas façam no boteco ou na praia. Atrás de um microfone ou nas páginas de um jornal e, ainda por cima, remunerados é, para dizer o menos, falta de pudor. Se ainda soubessem escrever como José Lins do Rego, Mário Filho ou Nélson Rodrigues (andava-se com vagar e deleite por suas belas crônicas, embora estes também não entendessem patavina de futebol), vá lá. Como não entendem nada de futebol, nem rabiscam com talento, fariam melhor vendendo seu peixe em outra freguesia (De uns tempos para cá, a cada semana pipoca um livrinho de autoria de uma dessas sumidades — Os coleguinhas ajudam a divulgar, né?).
        Seja como for, suas análises técnicas não conseguem explicar certas reações como a militância insuperável do espírito de combate ou a clarividência do gênio. Esses enroladores nunca sentiram a sensação de entrar em campo, olhar em volta e ter certeza de que vão perder o jogo, não importando — nesse caso — o quanto vierem a lutar. Premonições, tiques, manias, tudo isso conta, e só quem está lá detecta. São coisas que não se explicam, não estão no Manual do Analista... o cabelo do ponta-esquerda é de um louro diferente... o cheiro da grama nunca chega à cabine. Nada disso, entretanto, impede tão hieráticos e infalíveis sabichões de adquirir sólida reputação, à custa, talvez, dessa coerente repetição de equívocos, bem mais fácil de absorver. Está lá a multidão nas arquibancadas, nas cadeiras, nas poltronas, nos bares — radinho de pilha ao ouvido —, esperando ser monitorada: o que vier eles traçam. Insisto na forte coerência que perpassa todo esse sistema, garantindo a hegemonia da debilidade mental, explorada, também e principalmente, por dois ou três que não se contentaram em arranjar um emprego fácil, mas tornaram-se milionários, tirando proveito de forma vergonhosa e voraz da indigência mental de gente sem discernimento suficiente para negar-lhes crédito. Esses especialistas como sofreram na Copa de 2002! Se o Brasil não ganha, babau! Mas a Inglaterra e a Alemanha jogaram com medo da gente, os picaretas continuam aí, lampeiros, vendendo suas mentirinhas. O patrocinador agradece.
(A partir de crônica do mesmo autor constante da 1ª edição (1999) do livro O Antigo Leblon – uma aldeia encantada, com alterações exigidas pela coerência temporal)

Pano rápido

“Em rapaz, conheci um sujeito que se dizia íntimo do universo feminino, sabia como abordar mulher na rua, o que dizer à mãe da noiva, como seduzir brotinhos e como agradar às putas. O cara nunca foi visto em companhia feminina; recusava-se, sempre e sob os mais diversos pretextos, a ir ao puteiro. O nome dele agora me escapa, mas lembro-me bem dos apelidos: “Rei da punheta” e “Teórico da foda”” (Paulinho Bezerra)


NARRADOR ESPORTIVO

Ufanista que ostenta — com pompas, estrépitos e fanfarras — a presunção mal fundada do próprio mérito, alardeando uma vã erudição de quem já teria apalpado o âmago de todas as coisas. Impostor cuja fatuidade é igual à cobiça com que...

        ... peraí, peraí! Esse texto é próprio para definir os galvõesbuenos mais desvairados. É claro que sempre há um ou outro locutor capaz de manter o justo equilíbrio das idéias e a harmoniosa conformidade dos sentimentos. É certo, também, que evitam demonstrá-lo, pois o bom senso os leva, igualmente, a preservar o emprego nesses dias tão bicudos...

Curiosidade

"Os locutores que lêem os Boletins de Guerra continuam gritando, fazendo discursos, vomitando trovões. Seria tão bom se as estações de rádio tivessem cronistas que ao pensarem no País se esquecessem dos reis, dos governantes e se voltassem para os poetas, músicos, pintores, escultores, arquitetos, artistas, filósofos, em todos os homens de espírito... e falassem neles, sorrindo". (Fon-Fon, 29/01/1944)


JOGADOR DE FUTEBOL

Praticante do balípodo ou ludopédio, filiado a uma confraria de cafajestes.

Comentário

        Os jogadores brasileiros formam uma casta que se quer privilegiada. Mais paparicados do que qualquer outro profissional — por adolescentes histéricas e retardadas, oligóides em geral, dirigentes homossexual-oportunistas, salafrários, carreiristas, politiqueiros, gananciosos ou, simplesmente, tolos movidos por idolatria feminóide —, meninos de origem pobre, subitamente catapultados ao cockpit de um bólido do último tipo e recebendo salários mensais de duzentos mil reais, não aceitam críticas ao seu destempero: o mundo é deles. Esperam ser julgados exclusivamente pelo seu desempenho profissional, por sua competência em fazer gols ou evitá-los. Seu caráter não estaria sujeito a avaliações. Calhando de quase assassinarem um colega com uma sola criminosa, o que estará em pauta será sua intervenção diante da possibilidade de sucesso da vítima, jamais o dolo, a predisposição patológica, a popular maldade; muito menos, a avaria decorrente do ato delituoso e covarde. Chamam o árbitro de 'professor' e pronto: é a única concessão (formal) que fazem ao respeito pelo semelhante. Como há enorme escassez de talentos, julgando-se inimputáveis no dia-a-dia, esses moços correm sério risco de serem ignorados pelos críticos e estes (se não continuarem inventando virtudes no perna-de-pau), por sua vez, de ficarem desempregados por falta do que comentar.
        Desagradável, também, a tendência a valorizar cada macacada, por mais banal que seja. O sujeito marca o quinto gol de uma surra no Arapiraca, num jogo amistoso, e rola, frenético, pela grama, aos urros, como se estivesse conquistando a Copa do Mundo; ou beija, com fervor de romeiro, o escudo da camisa do vigésimo terceiro clube que defendeu nos dois anos mais recentes. E os ritos tribais das comemorações? Improvisam coreografias que alcançam prodígios de oligofrenia coletiva. É claro que todo o mundo tem direito à sua cota de babaquice; o que se deve evitar é usufruí-la durante o expediente. Afinal, os aficionados pagam é para ver o jogo e supõe-se que seu dinheiro vai remunerar o atleta e que a obrigação de se empenhar esteja inserida no rol de deveres deste. Ninguém é tão dado a estrelismos e galinhagens como o artista de cinema ou de televisão, mas, na hora de representar, esmera-se em fazê-lo da maneira mais profissional possível. Coisa detestável aqueles braços ao alto insuflando a torcida, desatentos ao que ocorre em redor, ou a insistência com que pedem um cartão amarelo para o adversário, por conta de qualquer esbarrão, sem o menor pejo de procederem como delatores e farsantes! Alguns se atiram ao chão, aos prantos, com esgares de soldado ferido em filmes de carnificina, para ressuscitar em três tempos, ativos, sempre com a mãozinha abanando o imaginário cartão. E a abominável hipocrisia dos atletas de Cristo?...
        E que jogadores! Um dos mais famosos deles, o 'fenômeno', fecha os olhos na hora de chutar. Como todos os parceiros jogam em função dele, acaba fazendo alguns gols e acumulando homenagens que nem Pelé recebeu (Evaristo — que não foi nenhum Pelé — por três vezes sagrou-se campeão da Espanha e duas vezes conquistou a artilharia, diante de rivais como Di Stefano, Del Sol, Kubala. Quem fala disso?). Há fichinhas aos montes, desde Denilson até Rivaldo, passando por Alex & Cia. Dos novos, diziam maravilhas de Diego e Robinho. O primeiro, breve estará gordo como o tal do Neto... e enganando como ele. O segundo, corre o risco de pedalar muito sem nunca passar de replicante de Dener, outro enganador.
        A responsabilidade maior dessa canhestra avaliação pode ser atribuída à cultura jornalística atual: põem na pauta o Guga, o Popó, durante seus meteóricos brilharecos, e toca a vender o livro com o respaldo do Sistema Global de Divulgação. De outra forma, como vai vender pouco, ninguém se anima a escrever sobre Maria Ester Bueno e Éder Jofre (Sobre a gigantesca diferença de cartéis, vão dar uma olhadinha na Internet, por favor, que não cabe aqui).
        Some-se a tudo isso a interferência nefasta de espertalhões ditos 'empresários', que se associam a cartolas desonestos e técnicos idem, que colocam jogadores para atuar uma vez na seleção (contra a Venezuela, por exemplo), e valorizam o passe do atleta, que é vendido para clubes europeus, e a quadrilha racha a grana.
        Incluam-se aí as ´escolinhas` (futebol, o cara nasce sabendo, e deve brincar de jogar pelo menos até os treze, quatorze anos — disciplina, teoria antes dessa idade deforma a inclinação do jovem), também os paliteiros de praia, geridos por oportunistas despreparados exercendo comércio ilegal de mercadorias fictícias.
        Acrescentem-se gerentes desonestos que descontam tributos e contribuições dos salários dos jogadores, sem recolhê-los aos cofres públicos e a mixórdia está pronta para ser servida aos incautos.
        Com tudo isso, o mundo conheceu magníficos jogadores (o futebol sempre foi uma coisa bacana). Depois de Maradona, só Zidane, Ronaldinho Gaúcho e Messi teriam lugar entre eles... e só!
        Pobre futebol, vai mal das pernas. Um dia desses, vamos ver reproduzida nos jornais esta notícia veiculada pelo Jornal do Brasil, em 23/10/1915;

São constantes as reclamações que chegam ao Jornal do Brasil contra os jogadores do que chamam de football em plena rua, perturbando o transito, quebrando vidraças e dirigindo improperios entre si e contra as familias, que se vêm prejudicadas e impossibilitadas de chegar às janellas. E o peor é que tudo elles fazem bolas, até de pedras. A ultima reclamação chegada ao Jornal do Brasil veiu de moradores da rua do Rezende.


* Os maiores de todos os tempos, nas formações habituais:


Yashin, Leandro, Beckenbauer, Schirea, Breitner / Puskas, Cruyf, Maradona, Zizinho / Pelé, Di Stefano

Do Brasil:
Castilho, Leandro, Domingos, Figueiroa, Nilton Santos / Zizinho, Jair, Zico / Garrincha, Tostão, Pelé


(Editado e adaptado de crônica do mesmo autor constante da 1ª edição (1999) do livro O Antigo Leblon – uma aldeia encantada, com alterações exigidas pela coerência temporal)


TORCEDOR DE FUTEBOL

De ofício, aquele que torce as partidas de futebol.

Comentário

        Antigamente, as pessoas iam aos jogos de futebol com a intenção de ver a bola, os jogadores, as belas tramas e contentavam-se com seu papel de espectadores, o que não os impedia de gritar, torcer, comemorar, arrancar os cabelos e xingar o juiz. No entanto, parecia-lhes mais proveitoso e inteligente — sem abrir mão da frivolidade e da inconstância catárticas — assistir ao espetáculo, ao invés de fazer-lhe concorrência e oposição até, como é de praxe hoje em dia, com exibições grotescas de boçalidade, em que brutos fabricam surtos epiléticos, regem — de costas para o campo?! — coros de retardados tentando, desesperadamente, rimar dois vocábulos chinfrins de um arranjo em calão; isso quando não se encarniçam em combates animalescos. Fazem tudo, menos ver o jogo, esse detalhe desprezível, secundário. Onde surge ocasião para dar sentido à coletividade, aproveitam o pretexto para desagregá-la, despersonalizando e amesquinhando o indivíduo. Burros, desperdiçam, sem nenhuma compensação, a oportunidade raríssima de um confronto entre grupos sociais, raças, culturas, classes, que, no final, democraticamente, proporciona uma classificação hierárquica baseada nos méritos dos competidores.
(Editado e adaptado de crônica do mesmo autor constante da 1ª edição (1999) do livro O Antigo Leblon – uma aldeia encantada, com alterações exigidas pela coerência temporal)


sexta-feira, 10 de abril de 2009

INVASOR DO LEBLON

Invasor rastaquera e novidadeiro que acabou com o sossego do bairro.

Comentário

        A Rua Dias Ferreira, antiga Rua do Pau, foi a via pela qual se iniciou a urbanização do Leblon; a rota por onde abriu caminho o bonde que iria tornar o Leblon um bairro independente, transformá-lo numa aldeia encantada habitada por gente simples e divertida, cujos ícones foram, aos poucos e lamentavelmente, sendo substituídos por semideuses e quetais, compilados numa idolatria de fancaria, impostos por usurpadores novidadeiros e ardilosos. A tranqüila e saudosa Rua do Pau emblematiza, hoje, a vulgaridade ostentosa do voyeurismo itinerante.
        O lacre foi violado nos anos sessenta com a especulação imobiliária travestida de progresso e a ocupação dos bares pela intelligentsia irrequieta, cansada de baldear por Copacabana e Ipanema, juntamente com sua tripulação de cumprimenteiros, e, mais recentemente, pelo trottoir das celebridades e de seu cortejo de tietes e moscas-de-padaria a reverenciar hábitos e valores estranhos aos dos antigos moradores — Surgiram, então, templos exóticos badalados pela parte da mídia refém da bajulação e da trivialidade.
        O fulgor das cabeças pensantes e a fosforescência arrebicada da peruagem emprestaram à aldeia uma celebridade que teve o mesmo efeito devastador do prospecto imobiliário. O velho e doce Leblon viu-se conspurcado pelos hábitos nocivos dessa cultura híbrida, pizza mezzo a mezzo de fatuidade e hipocrisia, de arranjo e gosto duvidosos, e os nativos perderam-se no anonimato, ou sumiram sem deixar pistas — É que os componentes daqueles grupos têm um cacoete comum a todos os descobridores, qual seja uma xenofobia às avessas, corrupta e insolente, que se manifesta pela injustificada e imediata rejeição da cultura local e se consolida mediante a imposição de novos ícones e ídolos
        Antes de se tornar via migratória e serventia da diáspora rastaquera e, também, point de agito de arrivistas, intelectuais de araque e arruaceiros, o Leblon foi um bairro muito sossegado e bacana. O monumental silêncio só era quebrado pelo coro da gataria, pelas vozes de uns poucos notívagos a caminho do botequim ou pelo ranger dos bondes nos trilhos — belos bondes, que passeavam pela Rua Dias Ferreira, em cuja cadência a aldeia encantada bamboleava sua preguiça, e, nos bancos, o namoro custava a acabar! Saíram dos trilhos. Sumiram. Em seu lugar, transita, hoje, uma malta de romeiros automatizados, flutuando a um milímetro da discórdia.
        (Texto publicado no Anuário 89 anos do Leblon, editado e adaptado de crônicas do livro
O Antigo Leblon – uma aldeia encantada, de Rogério Barbosa Lima)


Nota


Chega, então, o D. João VI Pindorâmico, para arrasar de vez com o cenário, reconfigurando o PR (“Ponha-se na rua”). Encarnado em famoso noveleiro, também portador de ostentosa (e manoelcarlesca) pança, sepulta sob as mal traçadas o que restava dos encantos e da singeleza compartilhados pelos velhos moradores, abrindo — com fanfarras e lantejoulas e definitivamente — ruas e praças aos invasores (amigos e inimigos) de todos os credos, raças e cores. Sua Excelentíssima Barrigância, com o apoio Global, fez do Leblon cenário definitivo de uma patuscada promovida por arrivistas e festeiros, estimulada por associações, entidades e ongues, dirigidas por oportunistas sem compromisso com as tradições do bairro e referendada pela maioria dos cronistas/colunistas de cadernos e suplementos do jornal mais vendido, jornalistas esses órfãos de idéias e reféns da bajulação, da trivialidade e do convidativo recurso de bisbilhotar a carta lacrada que os convencionais passam de mão em mão.
Soube-se, recentemente, pela mesma panelinha, que aquela eminente barrigância fixou residência em Búzios (e a gente pensando que ele gostava do Leblon) e promete investir no balneário, exaltando as virtudes locais com igual denodo e oportunismo (subliterariamente falando, é claro).
O estrago que fez por aqui não tem conserto. Como modesta compensação para a gente autêntica do Leblon, resta saber que tocará aos argentinos experimentar um pouco da maldita xaropada e suas conseqüências. Vão ver o que é bom pra tosse...


NOVELEIRO

Autor de idéias e enredos tolos, mas bem vestidos, que assume sua vulgaridade com muita distinção.

Comentário

        Novelas, Fantásticos, BBBs e assemelhados representam a epifania da indigência cultural, mental e moral do País, contaminando os profissionais de alguma forma associados a tais aberrações. Há autores que se consagram nesse lamaçal; há quem faça qualquer concessão para ter seu nome ali citado, esquecido do sentimento da própria dignidade.

        A trova de Eno Theodoro Wanke aplica-se com propriedade às criações dos noveleiros (ou novelistas):

Era um drama tão avacalhado,
mas tão ruim, tão ordinário,
que os tomates projetados
melhoravam o cenário
.


BIÓGRAFO

Jornalista badalado ou não que, esporadicamente, incursiona pela literatura e, descurando das pesquisas, espetaculariza informações sobre as tias suricas da vida.

Comentário

        Em conluio com editoras íntimas do Jaboti e estimulados por polpudos incentivos provenientes da Lei Rouanet, contratam, por três réis de mel coado, um batalhão de estagiários que, por conta das migalhas que recebem e do notório despreparo, negligenciam as pesquisas, sob a proteção indiferente dos contratantes, pouco interessados estes na confiabilidade dos depoimentos e até na contextualização da trama, mas muito atentos às tabelas e estatísticas de venda.
        O leitor afeito à cartografia engole e considera definitivo qualquer registro estatístico produzido por essas celebridades jornalísticas, sobretudo quando exaltadas por coleguinhas bajuladores, particularmente os responsáveis por colunas publicadas em cadernos e suplementos dos periódicos “mais vendidos”.
        A confraria do espetáculo precisa navegar a todo vapor. Sic transit gloria mundi.


domingo, 22 de março de 2009


ESQUERDISTA

Pseudo-intelectual que quer levar a merda a um nível mais elevado, atrapalha-se e acaba fazendo necessidade ideológica fora do penico¹.

Comentário

        Desde o golpe de estado bolchevista, a criação de uma nova História, de novas verdades vem ocupando destaque na estruturação dos departamentos de desinformação esquerdista. Ironicamente, Orwell chamou de Ministério da Verdade a repartição que tinha essa função na Oceania.
        Mas o esquerdista não se dá conta de que pulsam contradições na causa que abraçou e se petrifica como um crente da cartilha partidária ou do programa ideológico ou do manual de instruções, o que preferirem. Por isso — a exemplo dos frequentadores dos cultos religiosos — tem pernas curtas, não consegue afastar-se dos dogmas arrolados na cartilha, não sabe mover-se fora do templo de cultos histéricos e hipnotizantes, das experiências pavlovianas e das estúrdias idolatrias, por conta do que tem, de forma irreversível, deformados seus julgamentos, de modo irreversível. Mesmo os militantes mais bem informados, mais celebrados têm seus arrazoados comprometidos, tantas voltas que dão para admitir e confessar, por exemplo, o óbvio que não enxergaram na canhestra, barbaçal e presidencial figura e seu entourage (sobre o outro barbaças, o dos charutos e do boné, prudentemente se calam).
        Da trincheira dessa tropa, só se avista parte do campo inimigo. Edificação mal concebida ou falta de visão periférica (ou tudo isso e o que mais já foi dito), o fato é que sua limitação é flagrante, até porque são embusteiros a quem faltam grandeza, compostura e reais qualificações: decoram os estatutos, gastam a fita toda e não sobra espaço para pensar.
        Às vezes cochilam e não vêem ou não se lembram, por exemplo, de que Stalin massacrou milhões de inocentes (mais do que Hitler e Mussolini juntos). Também por conta da inércia e de não abrirem a mente a idéias estranhas ao cartapácio que legitimaram, tornam-se tacanhos, mal-educados, sem-graça. São pseudo-intelectuais que submetem todas as categorias do conhecimento ao maniqueísmo ideológico, eternamente envolvidos numa patuscada de festeiros embevecidos com a própria retórica e confiantes na expressiva quantidade de simpatizantes, enfim uma mixórdia que jamais produziu algo além de meia dúzia de darcyribeirozinhos.
        A pobreza ou falta de espírito é exigente demais. Não há esforço inteligente capaz de supri-la.
        Azar o desses tipos amorfos, vazios: jamais poderão saborear, nem mesmo por um instante, as delícias da solidão... até porque estarão em má companhia.
        O socialismo exige aceitação acrítica de idéias coletivistas, propõe a morte do espírito, apesar de nomes pomposos e paradoxais como Teologia da Libertação e outras aberrações do gênero. Estranhos progressistas esses: aferrados a um materialismo dialético e fautores de uma religião civil imanente, têm pruridos de transcendentalismos?!... Pregam a redução do sentido da vida a coisas matérias e acenam com o individualismo cristão rebatizado. Durma-se com um barulho desses!
        Repetindo; são embusteiros a quem faltam grandeza, compostura e reais qualificações. A corriola do palerma metido a espertalhão que ocupa a presidência da República, então, é a merde de la merde da ideologia estúpida, do descaminho bolchevista, leninista, do que há de mais aventureiro e fake na política e na administração do País. Nem poderia ser de outra forma para quem quer transformar em sabedoria coletiva a ignorância individual; para quem considera inexistente tudo aquilo que esteja além de seu horizonte de avestruz.

Acredite se quiser

a) O cidadão Leandro Konder, em artigo publicado no JB Idéias, em 6/10/07, duvida da existência de um humor “que não seja de esquerda”. Por quê? Porque “fustiga os costumes, ridiculariza as autoridades, vinga os oprimidos, reanima os pobres, sabota os de cima e alegra os de baixo”. Para sustentar essa sandice, socorre-se dos escritos de Emílio de Menezes, Paula Ney e Machado de Assis. O idiota não entende de humor nem de Literatura. Um inútil desses passa por filósofo; é incensado como sumidade. Um ronha é o que é!

b) Outra filosofal besta-quadrada, um esquerdista de nome Mangabeira Unger, propõe que todo cidadão útil tenha, a par de seu emprego ordinário, “outra ocupação que o obrigue a zelar pelo próximo” (O que a esquerda deve propor, Civilização Brasileira, traduzido por Antônio Risério, já que o autor não consegue se expressar em português). O que é isso? A nobreza de espírito institucionalizada pelo PC. Se o atual presidente da República ouve falar de tal maravilha (ler ele não sabe), é capaz de criar uma ‘bolsa-fraternidade’, para estimular os companheiros generosos.
        Um doce para quem adivinhar qual é o ‘bico’ do Mangabeira. Dois doces para quem decifrar o enigma que o leva a exercer a filantrópica missão de ganhar um céu em que não acredita.
        Apelando para o jargão futebolístico — para não dizer o pior —, ô cambada de enganadores!

Nota

        Temos um exemplo recente da desonestidade esquerdista, protagonizada pelo ministro da Justiça. Este finório e seus pares entendem que há dois tipos de criminosos: os ideologicamente de esquerda e os de direita. Os primeiros, revolucionários, progressistas, preocupados com o povo, ansiando por justiça social, invocando-se a seu favor o princípio de que os fins justificam os meios. Os outros são fascistas, preconceituosos, reacionários, etc. Pois bem: dois boxeadores cubanos (com ficha limpa e oprimidos por um regime totalitário), que pretendiam ganhar a vida profissionalmente na Alemanha, foram extraditados para Cuba. Já um facínora, criminoso confesso, condenado pela Justiça de um país democrático, a Itália, é beneficiado com asilo. Resumindo: só pode assaltar bancos, explodir bombas, seqüestrar, assassinar opositores e tutti quanti o camarada de esquerda, comunista, socialista, simpatizante, panfletário, adepto de Fidel, Hugo Chávez e que joga no mesmo time do ministrozinho aí.

¹ Rodapé

        Há tipos que se dizem esquerdistas por acharem isso bacana ou para não desagradar a maioria; há outros que colocam essa opção ideológica a serviço de seus interesses pessoais, particularmente na área dita cultural e há os que se filiam por modismo e até para se abrigar dentro de uma maioria de intrujões. Esses biltres também não valem porra nenhuma, mas não se enquadram na definição em pauta. Vocês vão encontrá-los em outros verbetes deste blog.

SEM-TERRA

Modalidade de ‘excluído’ que — sob a proteção de um estado populista de facécia e a pretexto de fazer justiça social — pratica um talibanismo agrário de caráter pró-socialista/autoritário e de feição obscurantista.

Comentário

        A definição, em sua parte final, parece redundante e é, já que o marxismo e o comunismo, mascarados ou não de socialismo, encobrem sempre um projeto autoritário e obscurantista. O fato é que não se pode excluir (ça va sans dire) esse arremedo de reforma agrária do ideário leninista mais radical (mais redundância), na medida mesmo em que tenta inviabilizar a sobrevivência da propriedade privada.
        E o faz mediante uma série de ações destruidoras, que podem chegar — como ocorreu no Rio Grande do Sul em 2006 — à barbárie impetrada contra a inteligência, o bom senso e a ciência, de exterminar matrizes embrionárias e jogar por terra, literalmente, anos e anos de penosas e caríssimas pesquisas científicas.
        Boçais, ignorantes, profissionais da desordem — travestidos de excluídos e usando estratégias revolucionárias originárias de cartilhas chinfrins que remetem a Pol Pot, Castro, às Farcs e tutti quanti — vêm agredindo sistematicamente a inteligência e a tranqulidade dos brasileiros, destruindo por destruir, para perpetuar um simbolismo barato e sujar de bosta ideológica o instituto da propriedade privada, motivados também pelo propósito escorpiônico de produzir insegurança jurídica e ultrajar o estado de direito.
        Conforme disse o jornalista Rogério Mendelski (O Sol, 10/03/2006), analisando o mencionado episódio ocorrido na Aracruz, RS, trata-se de “um banquete ideológico, que só não teve degustação de mudas por que os invasores ainda são bípedes. Mas com o aperfeiçoamento das invasões, o retorno ao tempo de Darwin será mais breve do que se imagina”.
        Como de hábito, ninguém será punido. O atual governo de barbudos, apedeutas, imbecis e esquerdistas considera meritórias essas badernas criminosas e está até cuidando de conceder aos desordeiros uma aposentadoria por tempo de violação da Constituição. Afinal, temos por aí um monte de gente decente trabalhando e pagando tributos para compensar. Já o desempregado, cidadão comum e pacato, que se dane... ou vá engrossar as fileiras dos meliantes terroristas. Parece ser um excelente negócio...

sábado, 28 de fevereiro de 2009

RACIONAL


Teórico que, para tudo, usa a mesma metodologia; que termina, sempre, por reduzir os mais diversos conceitos aos limites do quadro teórico em que se refugia.

Comentário
        Com efeito, o racional é refém de um modelo cujo Deus é a razão, ele mesmo o seu Cristo e a intolerância, o seu evangelho. Tudo com o fito de justificar uma ambição incurável, porque vive algemado a um odiozinho obscuro e impotente.
        Para que prospere o arcabouço racional, estabelece vasta jurisprudência alicerçada em literatura esconsa, credos, sacramentos e uma liturgia flexível, oportunista, gerando um calhamaço legitimador, um vademecum sob o formato de manual de uso de aparelho eletrônico que vai prosperando, eivado de sofismas e praxes viciosas, pateticamente agrilhoado a dogmas e jargões, para justificar currículos e proteger-se em torres de marfim.
        A mente racional escarnece do depósito sentimental que as gerações deixam no tempo; tem talento especial para não cometer nenhum erro, salvo os maiores. Acaba sendo vítima de uma coerência que a impede de distinguir um dos outros. O homem que raramente se engana julgando os outros, engana-se julgando a si mesmo.
        O racional pertence a uma categoria de gente que se situa acima das prosaicas pendências da banal e acomodatícia realidade; que não faz concessão ao despotismo dos costumes; para quem não há estio ou outono. Gente, enfim, que volta as costas à natureza, pois jamais prestaria obediência a instituição tão contraditória. O barômetro desses se resume a dois tempos: o das certezas e o das convicções. Fora daí, tudo são teorias. Integram um grupelho que tem por hábito viajar pelo atlas e o faz — por ser muito conveniente — quando lhe dá na telha.
        Ninguém pense que vá encontrar o racional aí fora no rush da vida, ainda que ele saiba aparentar com perfeição um certo respeito à letra da lei e à moral vigente. Mas se finge com tanta segurança é por que, para fazer valer o gigantesco faz-de-conta, filiou-se ao famoso idioma exclusivo, ambíguo e eufemístico que o socorre de espasmos autoritários disfarçados de veemência e franqueza.
        Não mete os pés descalços na poeira das estradas, não cultiva a variedade nem alarga a linha principal de concentração. Jamais olha por cima do muro nem fuça o que se passa do outro lado, para não duvidar do que vir.
        Falseia o peso das culpas (que não é tão intolerável assim) e preocupa-se permanentemente em investigar se nele existiu um dia a dimensão do canalha, que levianamente insiste em vislumbrar nos menores lapsos, na aparente futilidade dos outros.
        Esses caras, quando perdem as referências do atlas e têm que pegar o trem da vida, correm para o analista... uns cagões é o que são.

Pano rápido
“A vida humana é a única coisa que merece ser estudada. Nada tem valor quando comparado a ela. Mas também é verdade que não podemos investigar a vida no seu estranho cadinho de dor e prazer cobrindo o rosto com uma máscara de vidro, nem podemos impedir que a fumaça de enxofre que dele emana perturbe o cérebro, alterando a imaginação com fantasias monstruosas e com sonhos deformes. Há venenos tão sutis que, para conhecermos as suas propriedades, precisamos conhecer seus efeitos. Há doenças tão estranhas que, para conhecermos sua natureza, precisamos contraí-las. Mas o prêmio desta pesquisa compensa: ela nos leva a descobrir mil maravilhas! Esta pesquisa nos demonstra a estranha e dura lógica da paixão e a vida colorida e sensível do intelecto; aprendemos a discernir onde elas se juntam e onde se separam, o ponto em que estão em uníssono e o ponto em que aparece a discordância, e é aí que está o prazer. Não importa o custo! Nunca pagamos demais por uma sensação, seja ela qual for” (Oscar Wilde)

Breve conto
Brincadeiras à parte


        Desde menino, o Diogo incorporou a seriedade aos seus atos. Tantas vezes, em casa, diziam-lhe da importância de ser sério e dos riscos que trazia um comportamento blasé, que acabou por convencer-se, plenamente, das excelências de tal virtude.
        Quando entrou para a universidade, o pai, um tipo seco de óculos de aros grossos, muito grave, advertiu-lhe:
        — Olha! Muita seriedade!
        É claro que essa postura extravagante, ainda mais num jovem, não lhe carreava qualquer tipo de simpatia ou camaradagem, até porque, se fosse procurada em toda a cidade uma carranca igual, seria impossível levar a bom termo tão dificultosa missão.
        Neutro, magro, pálido, carola, reservado ao extremo, era o protótipo do ronha. Enfim: um homem que não gostava de intimidades, abominava gracinhas, jamais ia a festas, não tinha amigos, não visitava nem recebia.
        Quando se casou, tratou logo de instalar em casa um clima apropriado de sobriedade e moderação, como convinha a um homem sério. Preocupou-se com os mínimos detalhes, como a escolha do bairro e da rua, e chegou a investigar, previamente, os costumes da vizinhança antes de mudar-se.
        Como não podia deixar de ser, escolheu uma mulher com hábitos e procedimentos condizentes com os que idealizava. Não queria uma esposa frívola; muito menos exibida. Glória tinha as virtudes requeridas, embora sem os arroubos profissionais do marido. Vários anos mais moça e de humor jovial, era morena e bonita. Em que pese o despotismo de Diogo — que a impedia de usar batom, roupa decotada e até cortar o cabelo — e a despeito de seu recato, ela conseguia manter-se atraente, com sua pele trigueira e lisa, capaz de dispensar maquillage, lábios de um vermelho natural, sendo impossível ao mortal comum ignorar o apelo de sua sensualidade inata. Não lhe foi custoso, portanto, obedecer ao marido.
        O importante é que foi um casamento sério, que transcorria sem maiores atropelos.
        Certo dia, quis a sorte que Diogo fosse contemplado com um prêmio milionário, decorrente da extração de um bilhete de loteria presenteado por um irmão, que pouco via. Tomou conhecimento da afortunada notícia ao ler o jornal, no escritório, um pouco antes do começo do expediente. Seu rosto contraiu-se num arremedo de careta, que ele julgou ser um sorriso.
        Contrariando o comportamento rotineiro, decidiu receber o prêmio ainda durante o horário de trabalho, e saiu do prédio com ar menos carrancudo, chegando, mesmo, a intrigar o porteiro, brindando-o com inusitada e baritonal saudação:
        — Até mais, querido!
        Ia satisfeito pela rua. A um conhecido que acenou discretamente, respondeu com cordialidade, chegando a dar-lhe um tapinha nas costas. O outro despediu-se dizendo:
        — O senhor parece mais moço... tão alegre!
        Enquanto esperava o sinal abrir para atravessar a rua, permitiu-se afagar um cachorro que lhe roçava as pernas. Logo ele, que detestava animais.
        Então, pensou na mulher e deu-se conta de que lhe era muito indiferente, que não lhe proporcionava diversão e, ainda assim, a pobre não se queixava, não exigia nada. Era preciso dar a boa nova a ela!
        Foi a um telefone público e ligou para casa, alterando o timbre da voz e assumindo ares menos cerimoniosos:
        — É com a Sra. Diogo Figueiredo que tenho a honra de falar?
        — Sim... disse a mulher — Quem está falando?
        Diogo, já se divertindo à larga, esqueceu de vez a temperança e prosseguiu na farsa:
        — Mas, como, amor, não me reconhece?
        — Ah! É você Antonio? Que imprudência! Calcula se meu marido estivesse em casa?
        Positivamente, a brincadeira não era coisa para o Diogo. Achou melhor continuar sério para o resto da vida.
(Conto de Rogério Barbosa Lima, publicado no livro Minha gente saiu à rua, 1998)

IDÓLATRA


Indivíduo que, animado por sentimento fútil, dedica-se ao culto histérico e hiperbólico de figuras públicas sem estofo espiritual, quando não picaretas e oportunistas, mas que são celebradas pela imprensa ou por tolos influentes.

        A quase totalidade das pessoas, com mais boa fé do que acerto, com mais burrice do que lucidez, com mais preguiça de pensar do que vontade de entender, vive à cata de um herói para cultuar, e não põe nessa empreitada um pingo sequer de criatividade ou de amor-próprio.
        A quase totalidade das pessoas atingiu um estado tal de indigência mental que basta ver repetida uma boçalidade qualquer para incluí-la no rol de suas preferências e, se for o caso, direitos. O que torna os heróis fabricados figuras representativas de alguma divindade, objeto de paixão e do estranhado, cego e excessivo afeto, do descabido e exagerado respeito são a ansiedade moderna de criar ídolos, o culto das celebridades, a incapacidade e/ou preguiça de pensar pela própria cabeça, a falta de consciência da imprescindibilidade de heróis, a perniciosa e consequente influência dos “formadores de opinião”, a adulação interesseira da mídia e tudo o mais que o vulgo, em sua estupidez, procura para escapar à rotina sem ter que se empenhar por moto próprio.
        A carneirada fica à espreita da propaganda berrada na TV e do conselho impertinente dos midiáticos incensados (sobre remédio para hemorróidas, p. ex.) e acaba, sem perceber, nos legando os FHs, Brizolas e Lulas a quem deveriam aturar sozinhos. E pelo mesmo processo, pela mesma dependência carismática, vão se sucedendo no topo da preferência popular os falsos talentos, os virtuosos de alta rotatividade que, neste ou naquele momento, por esta ou aquela peculiaridade — sem uma razão plausível — falam de perto à alma pouco exigente dos componentes do rebanho.

         Guevara, herói profissional, pregava o ódio como fator de luta, ódio intransigente ao inimigo, que levasse o ser humano além de suas limitações e o convertesse numa fria máquina de matar:
        “Nossos soldados têm que ser assim. Um povo sem ódio não pode triunfar sobre um adversário brutal. É preciso levar a guerra aonde estiver o inimigo: à sua casa, aos lugares onde se diverte” (14/12/64)
        Por conta disso, executava pessoalmente as sentenças que proferia em La Cabaña, tenebrosa fortaleza colonial onde foram exterminadas milhares de pessoas, às vezes somente por que haviam tentado fugir do país. El carnicero de La Cabaña cultivava uma divisa: “Na dúvida, mata”. Ironicamente, dizia: Dale aspirina. E arrotava: “Não sou Cristo. Trato de matar o outro para que não me pregue em nenhuma cruz”.
        Outras pérolas do barbudo sinistro e magrela:

“... Aqui esteve tudo muito divertido, com tiros, bombardeios, discursos, etc., que cortam a monotonia”

“Não há que se cogitar de caminho pacífico. Para que prosperem regimes socialistas, deverão correr rios de sangue; deve continuar a rota de libertação, ainda que à custa de milhares de vítimas”

        E tudo isso para quê? Para transformar Cuba na paquetazinha de merda que é.
        Comportamento típico de um idiota como Chávez ou de um psicopata facinoroso, infame como o de qualquer chefe do tráfico nos morros cariocas.
        Morreu um assassino e nasceu a farsa que — em fogosos transportes de ternura aflita — a maioria das moçoilas teima em exaltar. Vá alguém entender as mulheres... Ainda por cima, o cara correu pro lado errado.

        Há alguns anos, não tantos quantos remetem ao início do desvario guevarista, o público brasileiro vertia lágrimas de esguicho por conta de um estranho fervor religioso pela figura de Herbert de Souza, o popular Betinho, a ponto de pleitear sua beatificação, quando menos o Prêmio Nobel. O fogacho arrefeceu tão logo a santa criatura morreu e perdeu o apelo midiático e a utilidade política, atributos únicos que constituíam seu legado. A lenda encobria a coisa certa e verdadeira...

        Na entressafra, reverenciam marginais como Cazuza, garoto mimado que glorificava o uso das drogas e o desenfreio da concupiscência; que nunca trabalhou, arremedo de traficante nascido à beira-mar. Filhinho de papai, com todas as vantagens do cargo, particularmente a de ter uma poderosa gravadora a seu dispor, mercê de uma histeria feminóide ascendeu ao panteão dos deuses, sem se associar ao semelhante para construir uma humanidade superior.

        O espertalhão Gabeira andou uns tempos pelas redações dos jornais, ficou de saco cheio e foi ser guerrilheiro, seqüestrador, maconheiro e exilado, que tudo isso parecia mais divertido e, futuramente, rendoso. Voltou das andanças pelo exterior, meteu-se na política (ou seja: continuou desocupado), ameaçou dar porrada num velho decadente e indefeso, o tal do Severino, e... virou herói, gabado em seca e meca como “o mais ético dos brasileiros”. Deu-se mal. Perdeu para outro bostinha numa eleição vagabunda. Logo, logo esse inútil, desprovido de maior qualificação intelectual, malandro-cocô volta ao Congresso à cata de outro “Severino” para dar outra pancada moralizante com a qual se habilite, ética e heroicamente, a receber apoio para uma nova sinecurazinha por aí.

        Pertencer à raça negra e querer “mudar” não são “qualificações” suficientes para emprestar a Barack Obama virtudes que justifiquem tamanho entusiasmo por sua vitória eleitoral. É, no entanto, a bola da vez. No caso, a bola sete, pois é importante fazer média com a raça negra e com os “excluídos”. Aqui no Brasil, por conta de sua eleição, a turma chegou às raias do patético, com orgasmos cívicos e precoces. A prudência e a satisfação alheia recomendam que se espere um pouco.

        O grande homem é aquele que, de forma discreta, no meio da multidão, conserva com perfeita paz a serenidade da solidão. Os homens que a malta chama de “fortes” são apenas aqueles que mais habilmente tem sabido ocultar suas torpezas, não fosse essa artimanha o quesito principal para subir ao pódio; não fosse tão chinfrim a condição humana.
        Na verdade, temos três ou quatro vezes na vida ocasião de sermos valentes, e todos os dias a de não sermos covardes.
        Obamistas, guevaristas, gabeiristas, extremistas patéticos de uma revolução sem causa, pseudoaltruístas dependentes de façanhas sem propósito (ou de heróis sem façanhas), se a coceira é pungente, se a necessidade de idolatrar impõe-se, que, ao menos, seja por Van Gogh, Mozart, Da Vinci, Cervantes... Na Internet, há instrumentos de busca onde podem ser encontrados dados relevantes sobre seu engenho e arte. Com um pouquinho de paciência e esforço mental é possível aprender a gostar deles. E é de graça...

P.S. Mesmo que haja uma idéia, o fato de o sujeito imolar-se por ela não prova que seja verdadeira.

Pano rápido


Significado da vida



        “Phillip lembrou o tapete que Cronshaw lhe havia dado, advertindo-o de que ele respondia à sua pergunta sobre o significado da vida e, subitamente, a resposta lhe ocorreu. Riu baixinho.
        A resposta era óbvia: a vida não tem significado algum e o homem não serve a fim algum. É indiferente ele ter nascido ou não ter nascido, estar vivo ou morto. A vida é sem significado, e a morte, sem conseqüência... O fracasso não tem importância e o êxito não leva à nada...
        Todavia, como no tapete persa o artesão elabora o seu desenho sem fim algum senão o prazer de seu senso estético, assim pode um homem viver sua vida... Dos variados acontecimentos de sua existência, de seus feitos, sentimentos, pensamentos, ele pode fazer um desenho regular, caprichado, complicado e belo.” (W. S. Maugham, Servidão Humana)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

POLÍTICO

Especialista em obter voto dos pobres e fundos dos ricos, prometendo a cada grupo defendê-lo contra o outro.

Comentário

        O nome agora me escapa, mas um congressista ainda era criança, e os pais, indecisos quanto ao seu futuro, arquitetaram um plano: deram-lhe uma maçã, um livro de orações e uma nota de cem cruzeiros — símbolos, respectivamente, da agricultura, do sacerdócio e dos negócios bancários —, para ver qual escolheria. O maganão comeu a maçã, guardou o livro na gaveta e meteu a nota no bolso. Concluíram então que o pirralho já havia nascido político.
        Para ser político, não são exigíveis graduação em curso profissionalizante ou diploma de qualquer natureza. Basta a inclinação para a vagabundagem. O político é um desocupado, um finório, sem carteira profissional, que tem como finalidade ganhar a eleição e permanecer o maior tempo possível no cargo, utilizando, para isso, o conchavo, a adulação e a lisonja, para não dizer coisa pior. O homem honrado que pretendesse servir a um líder não se salvaria, já que não se prestaria à adulação nem às tretas e manhas do ofício. E provocaria, ao mesmo tempo, a inimizade dos inimigos do líder e a inveja dos amigos
        Não sendo, pois, uma profissão e não sendo possível abraçar a política e permanecer honrado, resta ao eleito a pecha de FDP e a escolha de ser “nosso” ou “deles”.
        Dizem que há políticos honestos, mas que não se identificam para não ficar de fora se pintar um bom negócio.
        Sobre essas inclinações e peripécias, rola na Internet uma piadinha esperta, segundo a qual a única diferença entre o político e o ladrão é que o primeiro a gente escolhe, e o segundo escolhe a gente.
        Nos bancos do Parlamento, só é possível estabelecer a diferença entre os homens incapazes e os capazes de tudo. Apenas capazes não há.
        Ademais disso, considerando que, de um modo geral, quando logramos um tento criamos um inimigo, para ser popular a pessoa precisa ser medíocre, mais uma balda a embaciar a condição de parlamentar. O que parece haver lá nos subterrâneos do Congresso, em contrapartida, é uma boa escola de malandragens, perfídias e corrupção, onde os participantes vão acumulando conhecimento específico na arte da falácia e da chicana.
        O pior disso tudo é quando os cínicos se esguelam convulsos na defesa de uma “causa” (há bobalhões que se impressionam com esses arroubos brejeiros). A “causa” dessa gente começa com um movimento, vira um negócio e, finalmente, degenera em uma quadrilha.
        Quase ia me esquecendo dos “Senhores Não-sei-o-quê”, com sua candura velhaca... aqueles que em uma urna de alabastro deixaram de uma vida sem nome ociosa memória... Nada disso! Incensados pelos simplórios, sua fama corre o mundo até hoje, com sugestivos epítetos: “Senhor Coerência”, Senhor Diretas”, “Senhor O-cacete-a-quatro”. Passaram a vida fazendo média nos palanques, cochichando nos corredores, sendo tratados a pires de leite, e ainda são reverenciados por obras e conquistas que ninguém sabe dizer quais... Quero eu saber o número, o nome, o apelido de uma lei de sua lavra, que beneficie a população... Cinquenta anos servindo a todos os senhores, acumulando benesses, gordos proventos, vantagens que a imensa maioria dos trabalhadores sequer ouviu falar delas, e... a montanha pariu um rato. O Aarão Steinbruck pelo menos descolou um décimo terceiro salário pro pessoal.

        Um capítulo à parte merecem os PTelhos.

        O PETISTA é um cara que prefere ser amigo dos trabalhadores a ser um deles.
        O PETISTA é um ocioso, vadio, falto de diligência, preguiçoso, de índole negativa e traiçoeira, que não faz nada de produtivo para sua comunidade, tal como o atual presidente da República, mais a chefe da Casa Civil, mais o Ministro do Planejamento e os demais membros deste desgoverno paternalista, sindicalista, senvergonhista.
        O petista militante, dirigente, é um baderneiro iletrado e inescrupuloso, com aversão ao trabalho, sempre de olho numa vaga de dirigente, conselheiro, tesoureiro, nos polpudos salários e comissões, numa contrapartida qualquer, para fazer as únicas coisas que sabe: atirar pedra em vidraça, cagar regra e repetir as lições da cartilha.
        O petista simpatizante é meramente um sujeitinho tapado e/ou um beneficiário de uma bolsa qualquer. O vulgo tem todas as idéias equivocadas. Dirigem-no com milagres, com as mais grosseiras patranhas, por pouca aparência que tenham de verdade.
        Convenhamos que tudo isso produz uma dependência funesta.
        A camarilha conseguiu, até agora, convencer a plebe ignara de que é diferente dos “aproveitadores capitalistas”, da “burguesia elitista”, prometendo sepultar estes para instaurar uma sociedade “justa, fraterna, cooperativa”.
        O tempo vai passando e o que vemos por aí de elite — no sentido pejorativo — são eles mesmos, us cumpanhêro, ocupando todos os cargos políticos e administrativos com poder de decisão, dominando tudo, graças a dólares nas cuecas, mensalão, que, afinal de contas, políticos todos são; os de lá e os de cá.
        Esse resultado era previsível por qualquer pessoa mais ou menos inteligente, pela Justiça Eleitoral, pela mídia e até pelas Forças Armadas, mas ninguém se manifestou a tempo, o que legitimou o clima de delinquência e alienação do qual a corrupção e a incompetência são apenas os sintomas mais visíveis e notórios.
        “Elite”, segundo os dicionaristas, é o escol de uma sociedade, a minoria mais apta, o que há de melhor em cada área, nas artes, na ciência, objetivo buscado e alcançado por mérito, talento e empenho. Pertencer à elite — esta elite — é honroso e não pecaminoso. Esta elite, todavia, se queda inoperante, em parte por omissão mesmo.
        O petista mais graduado, se é que podemos chamar assim, é, quando muito, um sujeito com diploma de supletivo, que entrou, já maduro, por conveniência e pela janela, num vestibular sem concorrência, para uma baiúca dessas que mantêm cursos de Ciências Sociais, Geografia, etc., na base do “Pagou, passou”, e vai praticar sua charlatanice em palestras de araque, reuniões e conselhos de barbudinhos engajados, e cujo diploma o habilita para um cargo comissionado num ministério existente ou a ser criado.
        O presidente dispensou o disfarce das vestiduras universitárias por que já conseguiu o que queria e não sabe ler direito, sem falar que é indolente profissional e apedeuta convicto, pregando, às escâncaras, o obscurantismo como “reserva intelectual das classes oprimidas e tônico revigorante da causa revolucionária”.
        O que resulta de toda essa mixórdia é a pandilha que todo o mundo esclarecido conhece e condena: safadezas em todos os segmentos, até no STF “da casa”, o emudecimento da imprensa em troca de isenções e imunidades tributárias e nós, ó! Os simpatizantes também se ferram, mas a burrice os impede de perceber, ou são masoquistas, sei lá!
        Sabemos que se trata de gente desqualificada, intelectualmente desprezível, moralmente condenável que, entre outras barbaridades, compactua com invasão de terras, desaforos de governantes patifes e psicopatas de países vizinhos, Farcs e fóruns de todos os calibres e inclinações. Conhecemos os membros da quadrilha que nunca se desfez, que roubava, sequestrava, atirava bombas em lugares públicos e assassinava gente inocente. Todos continuam por aí, rodeando o sapo barbudo, sem que se possa dizer quem é o manda-chuva.
        São a elite da vez, no pior dos sentidos
        Vá lá que os beneficiários das bolsas e os cretinos empedernidos continuem votando nessa gente, mas será que ainda (ou já) são 51%?
        Infelizmente, acho que sim.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

ÍNDIO (Ver Cotista e Ongueiro)

                Bugre sem indústria, engenho ou serventia, relativamente incapaz, que, todavia, presta-se (mediante paga ou escambo) a coadjuvar manejos solapados de entidades estrangeiras e de seus financiadores, com vistas ao desmembramento do território brasileiro, tornando vulnerável a soberania nacional.

Comentário

        A plena soberania sobre a totalidade do território é questão de sobrevivência e de honra para o Brasil, nem que seja para justificar o esforço de nossos antepassados em resguardá-las pelas armas e pela diplomacia.
        Antes de Cabral aportar aqui, não existia uma nação nem um estado. Centenas de tribos com idiomas diferentes e com hábitos da idade da pedra lascada se “desentendiam” de norte a sul, esquecidos e incapazes de vigiar fronteiras e manter incólume a Hiléia. Os portugueses organizaram o país, que se tornou nação independente a partir de 1822, já abrigando brancos, índios e negros (mais tarde vieram os europeus e os orientais), todos constituindo uma nação brasileira.
        Em quinhentos anos, os índios não aprenderam sequer a plantar feijão e arroz, ou criar galináceos para engrossar a canja. Permaneceram nos raposônicos e ianomânicos maracanãs — inocente e indolentemente — flechando uns poucos peixes e outro tanto de caça.
        Aculturados e tendo caído nas graças do STF, quinze mil silvícolas inúteis dispõem agora de uma área do tamanho de Portugal, sem saber como mantê-la, já que se fixaram em vilas e povoados, integrados ao time dos maiores latifundiários que o sol cobre e ali desfilando com trajes vistosos e carrões incrementados.
        Noventa por cento dos brasileiros estão proibidos de entrar em Shangri-La e, parte deles, condenados a viver em espaços exíguos, sem os privilégios daqueles 10% que têm garantido o direito de percorrer 100% do Brasil.
        As autoridades PTelhas que ocupam o poder apaniguam os improdutivos cocares, tal como compactuam com os vândalos do MST, parlamentares e funcionários ladrões e sindicalistas baderneiros e tresloucados. Na região, grassam os mais variados ilícitos, e o Estado não se faz presente. Trata-se, literalmente, da lei da selva. Único baluarte, o Exército tenta bravamente superar a permeabilidade das fronteiras. A mídia, cooptada, finge que reconhece o descalabro... às vezes e em horas mortas, que é pra ninguém ouvir.
        Mais um pouco, Judiciário e Executivo reconhecerão a Confederação dos Tamoios e “devolverão” aos caciques Cunhambebe e Aimberê os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
        Nesse meio tempo, salafrários estrangeiros, madeireiros e garimpeiros selecionaram alguns índios espertos, como agentes e massa de manobra, e passaram a devastar florestas e poluir as águas. Na esteira dessa atividade satânica, em malicioso contraponto, ONGs, subordinadas ou não a financiadores estrangeiros, e instituições religiosas — como se abnegados filantropos fossem — vieram engrossar o grupo de parasitas animados pelo sórdido objetivo de se locupletarem do dinheiro público — A suposta preocupação de assegurar aos malandros espaço para a preservação da cultura indígena serve perfeitamente ao propósito espúrio de explorar água, minerais estratégicos, biodiversidade, etc. Quem possuir de fato a Amazônia emergirá como a grande potência do terceiro milênio.
        Ou alguém acredita que a compulsão em demarcar exageradamente as terras indígenas, sobretudo a região fronteiriça, e institucionalizar os direitos dos povos indígenas; proibir a presença de brasileiros nas áreas delimitadas e desarmar a população visa consolidar a cultura indígena? Só os idiotas e os mal intencionados.
        De outro modo, não se pode admitir a existência de guetos ou feudos étnicos, especialmente num país multirracial como o Brasil. O índio deve ser integrado à sociedade brasileira e não mantido em um Jardim Zoológico (ou será Antropológico?). Brancos, negros, amarelos, europeus, gente de toda a espécie e origem, que habita o território nacional deve sujeitar-se às leis vigentes no país, leis feitas para brasileiros, que todos são. Devem todos ter os mesmos direitos e os mesmos deveres... Vá lá que índios (como os padres) sejam isentos de impostos e até ganhem uma bolsa-tacape ou coisa assim (PTelho é capaz das maiores atrocidades). O que não podem é valer-se de artimanhas pindorâmicas para ter benesses que os demais brasileiros tributados não têm e, ainda por cima, eximir-se de contribuir pelo trabalho ou por que outra atividade seja.

Pano Rápido
Previsão do tempo na aldeia moderna

        Preocupados com a aproximação do inverno, os índios perguntaram ao cacique:
        — Teremos um Inverno rigoroso ou ele será ameno?
        O Chefe, vivendo tempos modernos, não tinha aprendido com seus ancestrais os segredos da Meteorologia. Não podia, no entanto, deixar transparecer insegurança perante seus subordinados. Concentrou-se e por algum tempo ficou olhando para o céu, as mãos estendidas para sentir os ventos. Finalmente, em tom sereno e firme, falou:
        — Companheiros! Sim... neste ano teremos um Inverno muito forte. É bom, desde já, providenciar muita lenha!
        No dia seguinte, receando que o "chute" falhasse, o cacique foi ao telefone e, sem se identificar, fez uma consulta ao Serviço Nacional de Meteorologia.
        — Sim, temos informações de que o próximo Inverno será muito frio, disse-lhe o funcionário.
        Sentindo-se mais seguro, novamente dirigiu-se a seu povo:
        — Companheiros! É preciso recolher muita lenha... Teremos um Inverno rigoroso!
        Dois dias depois, ligou novamente para o Serviço Meteorológico e ouviu a confirmação:
        — Sim, neste ano o inverno será muito forte!
        Reforçou, então, a recomendação:
        — Tenham consciência de que o Inverno será muito rigoroso. Recolham todo pedaço de lenha que encontrarem. Teremos que aproveitar os gravetos também!
        Uma semana depois, ainda insatisfeito, ligou mais uma vez para o Serviço Meteorológico:
        — Mas vocês têm certeza de que teremos um Inverno forte mesmo?
        — Sim. Neste ano teremos um frio intenso. Nós temos certeza absoluta.
        — Mas como vocês podem ter tanta certeza?
        — É que os índios estão recolhendo lenha pra cacete...