O que nunca foi dito com franqueza sobre as profissões


Profissão é o estado, condição social, papel de um indivíduo que exerce um emprego, ofício ou arte como meio de vida ou ocupação habitual, na qualidade de subordinado ou por conta própria e visando algum tipo de reciprocidade.

Da mesma forma, chama-se profissional uma pessoa que já tem inveterados certos hábitos ou vícios, a saber: “Bêbado profissional”, “Chato profissional”, Ladrão profissional”, “Puxa-saco profissional” e por aí vai.

“Profissão de fé” é uma declaração pública que alguém faz de suas opiniões políticas ou sociais.

É esse sentido lato — que privilegia a rotina, o hábito, a prática usual e metódica de um mister — que adotamos aqui para designar as profissões e as atribuições que a certas criaturas toca cumprir por escolha própria ou pelas inconstâncias da fortuna.

Não estranhe, pois, o leitor encontrar arrolados entre os tradicionais ofícios fabris e as artes criadoras alguns modos de vida cuja inclusão possa parecer inapropriada. É que — pela carga semântica, pelo poder evocativo que têm — seu agente os acolhe de forma tão pacífica e os protagoniza com tão inexcedível zelo, que não podem ser considerados como simples passatempo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

LIVREIRO

Comerciante de livros, CDs, charutos, comestíveis, miçangas, chaveiros e outros artigos, que bajula os escritores famosos e trata o autor pouco conhecido como se fosse um inoportuno e insistente vendedor de bobinas.

Comentário

        Em tempos idos, os livreiros faziam as vezes de conselheiros de muito autor ilustre e admitiam funcionários qualificados para orientar os leitores. Atualmente, com raras e honrosas exceções, tornaram-se negociantes que contratam mão-de-obra barata, empregados despreparados, orientados para empurrar goela abaixo dos fregueses as baboseiras dos best sellers e as dejeções dos novidadeiros de plantão.

Pano rápido

        Leandro, cotista de uma dessas universidades feitas nas coxas, trabalha, na parte da tarde, num sebo elegante de Shopping Center. Um belo dia surge um cliente que se encanta com uma bíblia impressa pelo próprio Gutemberg, o bem mais valioso do acervo. O burro, além de atribuir à peça um valor irrisório, dá quarenta por cento de desconto porque, como faz questão de acentuar, folheando o livro com ares de expert, “Um tal de Martinho Luthero rasurou todas as folhas”.
(Quem mais fala do(s) livro(s)?!... – EBBL – Depoimento de Rogério B. Lima, 2006)


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