O que nunca foi dito com franqueza sobre as profissões


Profissão é o estado, condição social, papel de um indivíduo que exerce um emprego, ofício ou arte como meio de vida ou ocupação habitual, na qualidade de subordinado ou por conta própria e visando algum tipo de reciprocidade.

Da mesma forma, chama-se profissional uma pessoa que já tem inveterados certos hábitos ou vícios, a saber: “Bêbado profissional”, “Chato profissional”, Ladrão profissional”, “Puxa-saco profissional” e por aí vai.

“Profissão de fé” é uma declaração pública que alguém faz de suas opiniões políticas ou sociais.

É esse sentido lato — que privilegia a rotina, o hábito, a prática usual e metódica de um mister — que adotamos aqui para designar as profissões e as atribuições que a certas criaturas toca cumprir por escolha própria ou pelas inconstâncias da fortuna.

Não estranhe, pois, o leitor encontrar arrolados entre os tradicionais ofícios fabris e as artes criadoras alguns modos de vida cuja inclusão possa parecer inapropriada. É que — pela carga semântica, pelo poder evocativo que têm — seu agente os acolhe de forma tão pacífica e os protagoniza com tão inexcedível zelo, que não podem ser considerados como simples passatempo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

LEITOR

É simplesmente o ledor, o indivíduo que adquiriu o hábito de ler.

Comentário

        O leitor brasileiro nunca se constituiu. Foi constituído. Tudo lhe foi outorgado, como se ele fosse um imenso autômato. A instrução no Brasil é quase nula, porque nulo é o gosto de instruir-se. Ademais, não há estímulo fora da eventual influência caseira (É o que nos ensina Tobias Barreto em seu “Um discurso em mangas de camisa” ou em outro texto dele cujo título agora me escapa)
        Para simplificar, vamos dizer que há dois tipos de leitores: o leitor movido pela curiosidade intelectual inata, forjado no seio da família, um herdeiro, um leitor de berço, e o leitor-consumidor, alvo da artilharia editorial-publicitária. E o que prepondera é a imagem publicitária. O próprio valor da palavra parece em estado terminal. O que confere méritos à sociedade é, antes, seu desenvolvimento, sua renda per capita elevada do que a solidez dos mecanismos de proteção à educação.
        Os leitores de berço podem até enveredar pelas agruras floridas dos best sellers, mas não são todos. De qualquer modo, seu universo é reduzido, irrelevante para os projetos financeiros dos editores.
        Quem vai formar o leitor?
        Tirando as redentoras e raríssimas exceções, não existe o “leitor”, mas o “consumidor”, e a quase totalidade dos consumidores é mera depositária de concretitudes e soluções finais que os editores são “obrigados” a veicular.

(Quem mais fala do(s) livro(s)?!... – EBBL – Depoimento de Rogério B. Lima, 2006)


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