TORCEDOR DE FUTEBOL
De ofício, aquele que torce as partidas de futebol.
Comentário
Antigamente, as pessoas iam aos jogos de futebol com a intenção de ver a bola, os jogadores, as belas tramas e contentavam-se com seu papel de espectadores, o que não os impedia de gritar, torcer, comemorar, arrancar os cabelos e xingar o juiz. No entanto, parecia-lhes mais proveitoso e inteligente — sem abrir mão da frivolidade e da inconstância catárticas — assistir ao espetáculo, ao invés de fazer-lhe concorrência e oposição até, como é de praxe hoje em dia, com exibições grotescas de boçalidade, em que brutos fabricam surtos epiléticos, regem — de costas para o campo?! — coros de retardados tentando, desesperadamente, rimar dois vocábulos chinfrins de um arranjo em calão; isso quando não se encarniçam em combates animalescos. Fazem tudo, menos ver o jogo, esse detalhe desprezível, secundário. Onde surge ocasião para dar sentido à coletividade, aproveitam o pretexto para desagregá-la, despersonalizando e amesquinhando o indivíduo. Burros, desperdiçam, sem nenhuma compensação, a oportunidade raríssima de um confronto entre grupos sociais, raças, culturas, classes, que, no final, democraticamente, proporciona uma classificação hierárquica baseada nos méritos dos competidores.
(Editado e adaptado de crônica do mesmo autor constante da 1ª edição (1999) do livro O Antigo Leblon – uma aldeia encantada, com alterações exigidas pela coerência temporal)
De ofício, aquele que torce as partidas de futebol.
Comentário
Antigamente, as pessoas iam aos jogos de futebol com a intenção de ver a bola, os jogadores, as belas tramas e contentavam-se com seu papel de espectadores, o que não os impedia de gritar, torcer, comemorar, arrancar os cabelos e xingar o juiz. No entanto, parecia-lhes mais proveitoso e inteligente — sem abrir mão da frivolidade e da inconstância catárticas — assistir ao espetáculo, ao invés de fazer-lhe concorrência e oposição até, como é de praxe hoje em dia, com exibições grotescas de boçalidade, em que brutos fabricam surtos epiléticos, regem — de costas para o campo?! — coros de retardados tentando, desesperadamente, rimar dois vocábulos chinfrins de um arranjo em calão; isso quando não se encarniçam em combates animalescos. Fazem tudo, menos ver o jogo, esse detalhe desprezível, secundário. Onde surge ocasião para dar sentido à coletividade, aproveitam o pretexto para desagregá-la, despersonalizando e amesquinhando o indivíduo. Burros, desperdiçam, sem nenhuma compensação, a oportunidade raríssima de um confronto entre grupos sociais, raças, culturas, classes, que, no final, democraticamente, proporciona uma classificação hierárquica baseada nos méritos dos competidores.
(Editado e adaptado de crônica do mesmo autor constante da 1ª edição (1999) do livro O Antigo Leblon – uma aldeia encantada, com alterações exigidas pela coerência temporal)
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